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sábado, 28 de setembro de 2013

Investigações abonam uso de celulares, e-readers, laptops e tablets durante todas as fases do voo, a qualquer altitude

Pedro Rosas
Portal do Aviador


“Se celular derrubasse avião, não me deixariam embarcar com ele”, disse-me o passageiro ao lado, logo após o aviso de decolagem. Todos aqueles que têm vida ativa dentro de um avião, sabem que o uso de eletrônicos pode causar interferência eletromagnética nas operações mais extremas de voo. Estudos recentes, no entanto, mostram que a proibição, que tanto atribula comissários e aborrece passageiros, está pronta para afrouxar os cintos. 

Não era sem tempo. Segundo o The New York Times, a Administração Federal de Aviação (FAA), entidade reguladora dos Estados Unidos, finalmente está reavendo sua política contra o uso de dispositivos móveis durante os pousos e decolagens. “A revisão vem num momento de inovação tremenda, já que dispositivos móveis estão cada vez mais entrelaçados com nossas vidas”, relatou Julius Genachowski, presidente da entidade.

Pode ou não pode?
Regras fixadas pela Anac afirmam que celulares devem ficar desligados nos chamados “momentos críticos” do voo. No resto da viagem, se a companhia demonstrar que o sistema comporta os aparelhos ativos, sem qualquer risco, o uso será liberado. Do contrário, devem ficar no “modo avião”. O mesmo vale para outras plataformas (e-reader, mp3, mp4, notebook, tablet ou câmera), que podem ser utilizadas antes do fechamento das portas ou enquanto os motores estiverem desligados. Durante o voo, a autorização fica sob critério das companhias.
O fato é que investigações realizadas este mês pela FAA não encontraram nenhuma evidência de perigo durante qualquer operação da aeronave, seja em qualquer altitude, mostrando que o mau humor do meu vizinho de poltrona tem sim fundamento – ainda que não saiba que pilotos da American Airlines estão autorizados a usar iPads no lugar das pranchetas impressas de voo.

Embora a era digital decole pelo mundo e as pesquisas avancem rapidamente, peritos da FAA ainda não conseguiram reunir provas suficientes para a legalização das conexões wi-fi, envio e recebimento de e-mails, mensagens de texto e chamadas telefônicas durante pousos e decolagens. O plano, no entanto, é formar uma força tarefa, em parceria com governo e indústria, para utilização total dos aparelhos.

“As regras são inconvenientes para os passageiros e não fazem sentido”, disse a senadora Claire McCaskill, que também detém jurisdição sobre comunicação e procedimentos aeronáuticos nos EUA. Em discurso aberto, Claire acrescentou estar preparada para procurar soluções legais. “No fundo, se fosse algo perigoso, os aparelhos seriam confiscados no embarque”, concluiu. As novas recomendações ainda devem ser discutidas esta semana pela agência americana.


Era digital X política de segurança

Embora a teoria nunca tenha sido comprovada, companhias brasileiras alegam que ondas eletromagnéticas emitidas pelos celulares podem interferir nos instrumentos de navegação da aeronave. Um obstáculo inesperado, porém, vem das próprias operados, ao dizerem que uma ligação a 11 mil metros de altitude e 1.000 km/h, faria o sinal vagar por dezenas de torres de transmissão.

Mas mesmo que o desenvolvimento de novas tecnologias (como fibras óticas nos instrumentos das aeronaves) comece a abrir brechas para reduzir as restrições, as políticas de segurança, com seus trâmites dispendiosos, poderiam ser incapazes de acompanhar o ritmo evoluções tecnológicas. A implementação da telefonia aérea, por exemplo, forçaria a revisão de inúmeros acordos nacionais e internacionais de roaming, um processo que até as operadoras preferem evitar. 

Por fim, a falta de interesse também apoia o entrave. Um levantamento do instituto Forrester indica que apenas 16% dos norte-americanos gostariam de utilizar celulares a bordo, e 55% são contra. As empresas aéreas, por sua vez, continuam ampliando o uso de outros sistemas, como disponibilizar TV ao vivo e streaming de músicas ou filmes direto para os dispositivos móveis dos passageiros.

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