Roland Garros em São Paulo, Saint-Exupéry em Florianópolis, Marcel Dassault na FAB. Portal do Aviador homenageia a presença dessas verdadeiras lendas que, além de residirem no Brasil, ajudaram a colocar o país no epicentro da aviação mundial
Símbolo supremo da liberdade, a capacidade de voar habitou o imaginário dos homens desde os tempos mais remotos, ou desde que Ícaro decolou pelos céus da Grécia Antiga para mostrar que os limites da existência estão mais próximos das nuvens do que imaginou nossa vã filosofia. Séculos após Leonardo da Vinci rabiscar o primeiro esboço de um helicóptero, eis que surge um brasileiro, de sobrenome francês, para romper os limites da imaginação e conquistar, definitivamente, o sonho mais antigo do homem.
Famoso por construir e pilotar os primeiros balões dirigíveis à gasolina, voando em torno da Torre Eiffel, Alberto Santos Dumont decolaria com seu 14-Bis na efervescente Paris de 1906 e inauguraria a família de aeroplanos Demoiselles, pilotada por Roland Garros, abrindo o primeiro capítulo de uma profunda conexão entre os mitos da aviação francesa que aqui viveram, deixando imensurável legado.
Pioneiro da aviação francesa, Garros ensinou pilotagem em São Paulo
Roland Garros |
Em 1911, a Queen Aviation Company Limited, empresa de demonstrações aéreas de Nova Iorque, desembarcou no Rio de Janeiro trazendo oito aviões Blériot e os maiores ases da aviação francesa, entre os quais, Roland Garros. Na capital carioca, o francês levou para voar pela primeira vez o tenente Ricardo Kirk, que se tornaria o primeiro piloto militar no Brasil.
O Morane-Saulnier, que, no comando de Garros, realizou a primeira travessia sem escalas do Mediterrâneo, no tempo de 7h53 |
Garros cravaria mais três recordes mundiais de altitude e inauguraria a conexão aérea entre Havana e Cidade do México. Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914), transformou-se em piloto militar, recebendo o titulo de “ás da aviação”. Criou um novo sistema em seu monoplano Morane Saulnier N, usando metralhadoras Hotchkiss no capô, que disparavam tiros através da hélice. Abatido pelos alemães, foi feito prisioneiro e teve seu sistema aperfeiçoado pelos nazistas. Conseguindo fugir, retomou seu posto na esquadrilha, mas foi morto em combate no ano de 1918.
Piloto desde os 21, autor de "O Pequeno Príncipe" morou cinco anos em Florianópolis
Antoine de Saint-Exupéry, autor do best-seller mundial “O Pequeno Príncipe”, foi outro brilhante piloto e, sobretudo, um apaixonado pela aviação, iniciando sua carreira aos 21 anos e se tornando, aos 23, subtenente da força aérea americana. Quatro anos depois, em 1926, tornou-se piloto de linha e ganhou o apelido de “senhor das areias”. Mas a passagem que mais comove a comunidade aeronáutica foi sua estadia num pequeno alojamento no Campeche, bairro de Florianópolis (SC), entre 1926 e 1931, enquanto servia a companhia aérea Latècoére (hoje Air France).
Como as aeronaves da época tinham pouca autonomia de voo, as dunas gramadas do Campeche se tornaram pouso obrigatório para os serviços de correio aéreo entre a Europa e Buenos Aires. As paradas em Floripa também serviam para revisar e reabastecer os aviões – também para que os pilotos pudessem descansar. Algumas vezes, chegavam a passar dias na praia catarinense.
O P-38 Lightning foi o caça bimotor que realizou o último voo do piloto-escritor Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe” |
Saint-Exupéry então retornou à Europa para voar com as Forças Francesas Livres e lutar com os Aliados em um esquadrão do Mediterrâneo. Com 43 anos, foi designado a pilotar os P-38, relegado a tarefas de espionagem. Fora de combate, sua última missão foi recolher informações sobre estratégias das tropas alemãs. Na noite de 31 de julho de 1944, decolou de uma base aérea na Córsega e não retornou. Seis décadas depois, em 2004, os destroços do avião foram localizados perto de Marselha. Seu corpo nunca foi encontrado.
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